24 de jun. de 2008

Across The Universe

Across The Universe consegue desconstruir de maneira espetacular o conceito de Musical, está mais para uma Ópera Rock revolucionária e ousada onde as canções mais famosas do mundo contam uma belíssima história sobre amor, diferenças ideológicas, sociais e belíssimas canções que recriam, com delicadeza e psicodélica criatividade, a América do turbulento período do fim da década de 60.

Jude (Jim Sturgess) é um jovem estivador que decide deixar Liverpool em busca do pai, um ex-soldado que constituiu família nos Estados Unidos e trabalha como zelador de uma universidade. Jude conhece Max, um jovem rebelde que abandona a badalada Universidade de Princeton e convence Jude a ir viver no cenário de sexo, drogas e rock`n´roll de Nova York, na procura de um lugar para ficar encontram a pensão de Sadie (Dana Fuchs), é neste lugar onde encontros inusitados reunem um grupo de pessoas que vivenciam experiências únicas mudando totalmente suas vidas. Em meio a tudo isto, é que se desenrola o romance de Jude e Lucy (Evan Rachel Wood), irmã de Max, uma emocionante história que é a biografia de uma geração que durante os anos 60 conviveu com o crescimento do movimento Hippie, com os protestos por igualdade racial, liderados por Martin Luther King, e com a Guerra do Vietnã.

Um ótimo filme, com uma trilha sonora em que as letras das músicas contam a história do filme, ótimas regravações das músicas dos Beatles nas vozes dos próprios atores. É imposível ter visto o filme e ao ouvir as músicas da trilha não lembrar dos trechos do filme, são músicas que vão desde a época do yeah-yeah-yeah do inicio da carreira dos Beatles até a psicodelia de Sgt. Peppers, muito bem sincronizadas com o enredo e que contam com uma ótima interpretação dos atores não somente quanto às músicas mas também quanto aos seus personagens. Os efeitos especiais e os cenários são demais, com destaque para as músicas "I Want You" onde o próprio Tio Sam ganha vida, "Because" e "Dear Prudence". É uma obra que deve ser vista e apreciada, tanto por fãs de cinema quanto fãs do quarteto de Liverpool, eu particularmente já assiti quatro vezes... se bem que não é nada comparado à O Exterminador do Futuro II, que assistí dezoito vezez! rsrsrs...

TRILHA SONORA:
O cd da nacional conta com apenas algumas músicas, o cd duplo importado "deluxe" contém todas as músicas do filme, é uma grande aquisição para qualquer acervo.


“Girl” - Jim Sturgess
“Helter Skelter” - Dana Fuchs
“Hold Me Tight” - Jim Sturgess, Evan Rachel Wood, Lisa Hogg
“All My Loving” - Jim Sturgess
“I Want To Hold Your Hand” - TV Carpio
“With A Little Help From My Friends” - Joe Anderson, Jim Sturgess & Dorm Buddies
“It Won't Be Long” - Evan Rachel Wood
“I've Just Seen A Face” - Jim Sturgess
“Let It Be” - Carol Woods, Timothy T. Mitchum
“Come Together” - Joe Cocker, Martin Luther
“Why Don't We Do It In The Road” - Dana Fuchs
“If I Fell” - Evan Rachel Wood
“I Want You” - Joe Anderson
“Dear Prudence - Dana Fuchs, Jim Sturgess, Evan Rachel Wood, TV Carpio
“Flying” - The Secret Machines
“Blue Jay Way” - The Secret Machines
“I Am The Walrus” - Bono
“The Benefit Of Mr. Kite” - Eddie Izzard
“Because” - Evan Rachel Wood, Jim Sturgess, Joe Anderson, Dana Fuchs, TV Carpio, Martin Luther
“Something” - Jim Sturgess
“Oh Darling” - Dana Fuchs, Martin Luther
“Strawberry Fields” - Jim Sturgess, Joe Anderson
“Revolution” - Jim Sturgess
“While My Guitar Gently Weeps” - Martin Luther
"Across The Universe" - Jim Sturgess
“Happiness Is A Warm Gun” - Joe Anderson
“Blackbird” - Evan Rachel Wood
“Hey Jude” - Joe Anderson
“Don't Let Me Down” - Dana Fuchs
“All You Need Is Love” - Jim Sturgess, Dana Fuchs
“Lucy In The Sky With Diamonds” - Bono


CURIOSIDADES:

  • Durante a musica "With a Little Help From My Friends" aparece uma imagem da Brigitte Bardot, por quem John Lennon tinha uma paixão platônica;
  • A construcao visual da sequencia do onibus "i Am the Walrus" foi inspirada no filme o Diário de Julia, de Rafael Fracacio, que usa de distorções de cores para recriar o universo psicodélico;
  • No início do filme, um funcionário das docas de Liverpool diz à Jude que ele achava que estaria fazendo algo diferente quando fizesse 64 anos, uma referência à música de Paul McCartney "When I`m Sixty-Four";
  • Em outro momento, quando Prudence entra de forma inusitada no tumultuado apartamento de Nova York, Jude fala “ela entrou pela janela do banheiro” (“she came in through the bathroom window”), referência à canção homônima do grupo;
  • Quando Sadie mostra o apartamento para Max e Jude. A cantora afirma que por mais que parecessem inofensivos eles podiam ter matado os avós com marteladas, uma alusão à música “Maxwell`s Silver Hammer”;
  • Sadie (Dana Fuchs) e JoJo (Martin Luther) são referências claras à Janis Joplin e Jimi Hendrix, mas também são citações aos Beatles. Sadie é uma referência à "Sexy Sadie" do badalado White Album, enquanto JoJo é uma menção ao primeiro verso de “Get Back” (“JoJo was a man who thought he was a loner/But he knew it wouldn`t last”);
  • A maçã verde, inteira e cortada ao meio quando Jude está desenhando – símbolos da gravadora do grupo a Apple Records;
  • Temos Jude e Lucy imitando debaixo d`água a famosa foto de Annie Leibovitz com Lennon e Yoko abraçados na capa da revista Rolling Stone;
  • A performance musical da banda de Sadie em cima do prédio da Apple Records (no filme chamada de Strawberry Records) em NY igual a realizada pelos Beatles em 1969.

19 de jun. de 2008

Na Natureza Selvagem

"Há nas matas cerradas um prazer;
Há nas encostas solitárias um arrebatamento;
Há sociedade, onde ninguém pode intrometer,
Pelo mar profundo e música em seu lamento:
Eu não amo menos ao Homem, mas à Natureza mais..
"
Lord Byron

Assim começa Na Natureza Selvagem (Into The Wild, 2007), inspirado no livro homônimo de Jon Krakauer, sobre a vida de Christopher McCandless que aos 22 anos de idade e recém formado na universidade decide abrir mão de tudo que possue e parte para sua grande aventura. Tendo como objetivo o desabitado Alaska, deixa para trás até mesmo sua identidade adotando o pseudônimo de Alexander Supertramp, parte em uma viajem pelos EUA passando por desertos, corredeiras e neve. Durante a viajem, entre caronas e serviços temporários, Supertramp conhece pessoas que acabam tendo sua vida mudada pela passagem dele, um jovem carregando sua mochila cansado da sociedade e sua hipocrisia, que decide viver da natureza sem depender de mais nada em uma jornada de descobertas e reflexões. Chegando ao Alaska, começa sua luta pela sobrevivência e para encontrar a sí mesmo, enfrentando o frio intenso e a escassez de alimentos.

O filme é dirigido por Sean Penn, que trabalhou muito bem aspectos humanos e geográficos retratando esta odisséia física e psicológica, passando por belas paisagens. Penn escalou para viver o papel de Christopher McCandless o ator Emile Hirsch (Alpha Dog, Os Reis de Dogtown e Show de Vizinha), a direção de fotografia ficou por conta de Eric Gautier (Diários de Motocicleta). Para dar mais destaque, este filme conta com uma bela e emotiva trilha sonora composta por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, em seu primeiro trabalho solo.

Mais do que um filme de aventura ou drama, é uma história sobre o valor da família, da busca pela felicidade, verdade e liberdade. Este filme não teve muita repercussão em terras "brazucas", foi exibido em poucas salas de cinema e não contou com muita publicidade, sabe-se lá o por quê! Mas vale muito a pena conferir.